INBREEDING
É o acasalamento de animais com
alto grau de parentesco (pais e filhos, irmãos ou meio-irmãos) é sem dúvida o
método mais rápido para se fixar uma característica, mas também pode resultar
em uma perda de tempo. Quando acasalamos animais muito próximos entre si em
duas ou três gerações seguidas, podemos sofrer os efeitos da impenetrância, ou
seja, temos ótimos exemplares como produto final, mas sem potencial para
transmitir seu patrimônio genético. Em muitos casos, é necessária a utilização
de outcrossing para recuperar o vigor genético do plantel e o preço será a
perda do trabalho desenvolvido anteriormente através do inbreeding, já que no
outcrossing a variabilidade genética obtida anulará a fixação das
características que foi obtida no inbreeding.
Para facilitar a compreensão
vamos dividir em vantagens e desvantagens do inbreeding.
VANTAGENS:
1. A consanguinidade, pelo aumento da
homozigose, permite apurar geneticamente os animais, sendo importante para
fixação e refinamento do tipo desejado.
2. O aumento da homozigose ocorre tanto para
genes dominates como para recessivos. Quando a homozigose ocorre para genes
dominantes os indivíduos assim obtidos, quando acasalados com outros não
consanguíneos, tendem a imprimir, com maior intensidade, suas características e
isto é chamado de prepotência.
3. Permite a seleção mais eficiente pela
separação da população em famílias diferentes, facilitando a eliminação das
piores.
DESVANTAGENS:
1. A consanguinidade apura tanto defeitos como
qualidades, dependendo do estoque de genes existentes na população antes do
início da consanguinidade. Os efeitos desfavoráveis da consaguinidade são
caracterizados pela redução geral da fertilidade, sobrevivência e vigor dos
animais. Esses efeitos dependem da intensidade da consanguinidade e as
diferentes características são afetadas por intensidades de consaguinidade
diferentes. Raça, sexo e linhagem também são causas importantes de variação nos
efeitos da consanguinidade.
2. Os animais endogâmicos tendem a ser mais
prepotentes por apresentarem um maior percentual de genes em homozigose,
conseqüentemente produzem uma menor variação de gametas (espermatozóides ou
óvulos), quando comparados com animais com maior percentual de genes em
heterozigose, assim, a progênie tende a ser mais uniforme. Esse aumento na
prepotência (capacidade de um indivíduo produzir filhos parecidos com ele
próprio) ocorre mais facilmente em características qualitativas, que geralmente
são determinadas por poucos pares de genes, como a cor da pelagem, formato de
orelha, cabeça, etc, e mais dificilmente para características quantitativas ou
produtivas que são determinadas por muitos pares de genes.
OBS: O criador deve aprender a
controlar o nível do inbreeding. Não se deve atingir um nível muito alto de
endogamia. Caso se passe do limite, os efeitos passam a ser desfavoráveis.
OUTCROSSING
Nada mais é do que a heterose. É
o cruzamento de indivíduos não relacionados. Hoje, aceita-se como cruzamento
entre indivíduos da mesma raça, desde que não relacionados geneticamente.
Usa-se muito para o controle qualitativo de características determinadas por
mais de um gene (poligênico) como tamanho, velocidade, temperamento e
fertilidade. Como nesse método é muito difícil que se cruze dois indivíduos portadores
dos mesmos alelos para uma característica indesejável, há o melhoramento
genético ou vigor híbrido que, por definição é o mesmo que heterose. Portanto,
a heterose somente pode ser considerada se
o resultante for mais forte do que os pais.
LINEBREENDING
Também conhecido por
consangüinidade linear. Usa, o máximo possível, a presença de um indivíduo no
pedigree (CRO), evitando quanto possível a consangüinidade. Por não causar aumento rápido da homozigose,
não expõe muitos genes recessivos indesejáveis. É um sistema bem seguro, desde
que a seleção dos indivíduos explorados seja severa.
CLOSEBREENDING
É o exagero do inbreeding,
cruzando-se parentes muito próximos, como pai com filha e irmão com irmã,
desaconselhado em muitas raças de animais, proibida em outras como os pastores,
por aumentar muito os efeitos indesejáveis do inbreeding, embora, em poucos
casos, possa gerar animais excepcionais.
CRUZAMENTO DE SEMELHANTES X
CRUZAMENTO ENTRE OPOSTOS
São métodos que não se atém
necessariamente ao parentesco entre os exemplares. Para o cruzamento entre
semelhantes, é essencial os exemplares que participem do acasalamento tenham as
mesmas qualidades que se deseja perpetuar. Já o cruzamento entre opostos é a
técnica pela qual se acasalam cães com características opostas para se obter
uma progênie equilibrada (cruzamento entre um cão com garupa plana com uma
cadela com garupa de inclinação excessiva). Em termos de seleção e perpetuação
de características, o cruzamento entre semelhantes é um método superior em
relação ao cruzamento entre opostos. É que mesmo que se consiga corrigir um
defeito com base no cruzamento entre opostos certamente os defeitos anteriores
reaparecerão nas gerações seguintes. Entretanto, o cruzamento entre opostos
pode ser a única solução para corrigir um defeito, mas mesmo nesse caso o mais
rápido possível deve-se retornar ao cruzamento entre semelhantes para que a
característica possa ser perpetuada.
NICKING
É quando dois cães produzem
melhores filhotes quando acasalados entre si do que com parceiros distintos.
Trata-se de um grande achado na criação em que as características dos
indivíduos se potencializam no acasalamento. A progênie desse dois exemplares
deve ser sempre valorizada e é sempre indicada a sua repetição.
Os cruzamentos fechados são,
portanto, a base da formação de uma linha de sangue. Acontece que a otimização
do esforço no estabelecimento de uma linhagem exige a utilização de outros
métodos. Um dos grandes segredos da criação é estabelecer um equilíbrio nas
técnicas de cruzamento.
CONCLUSÃO
“Seria absurdo pensar em efetuar
tanto inbreeding como linebreeding, como qualquer outro tipo de cruzamento, sem
fixar-se com antecedência no fenótipo dos progenitores. A seleção deve ser
sempre previa.
A QUARTA VIA: Existe outra forma
de conseguir o máximo de homozigose sem efetuar consangüinidade e por meio do
outcrossing. Por sua dificuldade não se emprega e em sequer se tem em
consideração na criação normal. Por dar um exemplo muito claro: dois cães de
raças totalmente distintas que tenham como fixo uma cor, se cruzarem entre si
produzirão mestiços dessa cor.
Isso quer dizer que distintos
criadores da mesma raça de cães, cujos exemplares não tiveram nenhuma relação
de parentesco entre si, poderiam perfeitamente conseguir homozigose para os
mesmos traços que se estivessem intimamente aparentados. Por exemplo: igual
tipo de cabeça, cor, altura, etc. Cruzados portanto entre si fixariam suas
características de igual maneira que se houvessem empregado inbreeding, porém
sem nenhum de seus inconvenientes.
Por razões obvias de logística e
econômicas isto é muito difícil de coordenar. Uma maneira de conseguir algo
parecido seria trabalhar com um standard muito rígido que unificaria todas as
características raciais de uma maneira tal que não houvera outra saída que
criar sob a mesma tipología.
Todas as raças são obtidas
empregando elevadas doses de consangüinidade e essas altas doses de
consangüinidade se seguem empregando pelos criadores para poder formar suas
linhas, aproximar-se de seu tipo ideal e, o mais importante, fixá-lo como
próprio.
A consangüinidade fixa
simultaneamente características desejadas e caracteres defeituosos. Se requer
grande energia e honestidade para eliminar da criação aos exemplares com
defeitos e fixar somente as características buscadas.
Nos Estados Unidos se emprega com
intensidade. Não está demasiadamente bem vista na Europa, exceção feita a
Inglaterra. Em alguns países, como a Holanda, foi proibido recentemente os
cruzamentos inbreeding. E não somente na Europa, na República do Equador, por
exemplo, estão proibidos os acasalamentos com mais de quarto grau de
consangüinidade.
Vejo muito difícil que consigam
fixar um tipo, ou eliminar defeitos, ou obter qualquer efeito que requeira um
modelo.
Pessoalmente penso que há outros
métodos de zelar pela saúde dos animais e que não devemos extrapolar ao mundo
animal critérios antropocêntricos.
A consangüinidade, que tem uma
tradição milenar, não é nem boa e nem má por definição, é uma ferramenta que se
emprega bem, sabe-se, ou mal se não se sabe. Nos cães. igual que em qualquer
ser vivo, a influência dos ascendentes diminui de geração em geração.
Nos pais se pode calcular que se
reparte a influência em 50%. Nos avós em 25%. Os bisavós em 12,5%. Na quarta
geração se reparte a influência em 6,25% e a quinta em 0,32%. Desse modo, a
partir da sexta ou sétima geração qualquer aporte se veria tão diluído que não
valeria a pena ser levado em conta.
Dos pais e os avós se pode esperar
ver a influência direta nos descendentes, a partir desse momento a
responsabilidade genética se modera. A isso há que acrescentar que os
antecessores deixam seu traço tanto mais quanto mais homozigóticos sejam.
Um criador experiente, com um
projeto de criação bem planejado e começando com uma cifra preliminar de poucos
exemplares, ainda que não sejam parentes, poderá em poucas gerações obter um
biótipo próprio diferenciado de outros usando a consangüinidade e a seleção com
habilidade”
Artigo escrito por Amalio
Lasheras
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